quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Por que não?

Por que você não pega o ônibus que passa na sua rua? Você conhece o itinerário dele? Vá até o ponto final, para ver como é a cidade que ele atravessa diariamente. Volte até o ponto inicial.

Por que você não prepara uma viagem para conhecer a cidade em que seus avós nasceram? E, se der, por que você não os leva? Por que você não aprende a língua deles, caso sejam imigrantes estrangeiros?

Por que você não vai conhecer aquele parente de quem ouviu muito falar, mas a quem nunca viu pessoalmente?

Se você tem empregada, por que não dá um beijo nela, assim que levantar da cama? Por que não aceita aquele convite de conhecer a casa dela? Marque a visita para o próximo domingo. E leve o vinho mais caro que encontrar.

Por que você não abraça o seu porteiro e combina de beber uma cerveja depois do expediente com ele? Por que não vai conhecer a casa das máquinas do seu prédio com o zelador? Por que não abre um champanhe no teto do prédio, com ele? Vêem o sol se pôr.

Se você mora em casa, por que não pergunta para o vigia da sua rua onde ele nasceu, como foi a sua infância, se é casado e tem filhos? Por que não o convida para jantar antes do serviço? Cozinhe pra ele. Como se cozinhasse para o rei.

Por que você não liga agora para os seus pais e não diz quanto os ama? Por que não vai hoje à noite comer uma pizza com eles e folhear álbuns de infância, reler cartas, ouvir histórias? Por que você não abre o armário do seu pai e olha roupa por roupa, gaveta por gaveta, como ele se veste atualmente? Por que você não dorme na antiga caminha em que dormia?

Por que você não faz as pazes com os seus irmãos? Convide todos para irem ao circo. Pague pipoca para eles. Por que não vão todos depois aos bastidores conversar com os trapezistas?

Por que você não paga pipoca para todas as criança do berçário vizinho, que fazem uma algazarra incrível na hora do recreio? Por que você não aproveita e brinca com elas? Por que você não pode ou não quer?

Por que você não visita a sua escola primária? Ande pelos corredores e tente reconhecer alguns professores. Por que você não se senta no banco escolar de onde assistia as aulas? Por que você não procura na biblioteca o seu nome nas fichas de livros que leu no colegial? Peça o mesmo sanduíche que comia na lanchonete da escola. Por que não aproveita e paga para todos os alunos presentes uma rodada de milk-shake? Lembra quanto você era duro e de como era caro tomar um?

Por que você não liga já para a sua primeira namorada ou namorado e marca um café? Marca para um sábado qualquer. Por que você não liga para a segunda namorada ou namorado e relembra todas as besteiras que fizeram, os apelidinhos que se deram, os presentes que trocaram?

Por que você não escreve uma carta? Por que você não compra selos e posta a carta numa caixa de correio que resiste ao tempo? Você sabe onde tem uma caixa de correio perto?

Por que você não escreve uma carta para antigos namorados ou namoradas relembrando todas as coisas boas que vocês viveram? Por que você não escreve uma carta para você mesmo, contando todas as besteiras que fez na vida, listando os arrependimentos? Coloque num envelope selado, enfie na caixa de correio mais próxima.

Por que você não começa hoje a ler o livro que sempre teve vontade, mas que nunca teve tempo? E por que não decora a letra daquela música que ama? Por que não aproveita e decora o número do seu cartão de crédito novo?

Por que você não vai a uma praça rolar na grama? O que o impede de subir na gangorra ou balanço? E numa árvore? Siga as formigas. Escute abelhas. Reparou que um adulto só volta a ser criança na velhice?

Por que é tão difícil quebrar os hábitos, fugir do padrão, deixar o óbvio de lado? Por que ignorar o incomum? E, o pior de tudo, por que a rotina nos é fundamental?

Por que você não poda as árvores da sua quadra, por que não planta flores nos canteiros da sua calçada, por que não adota um gato? Por que você não passa o dia na janela, observando o movimento e a rotina dos vizinhos? Falta de tempo? De interesse?

Por que uma criança sempre ri?

Por que não arrumar os livros em gênero, os discos em ordem alfabética, as roupas por estilo? Por que não doar agora aqueles livros, discos e roupas de que não gosta? Por que não passar o dia desenhando? Por que não desenhar na parede da sala? E que tal comer um tomate inteiro, como se fosse uma maçã? Ou sucrilhos, grão por grão? Lamba o prato. Enfie o dedo no bolo. Use a colher do açucareiro, para dispersar o açúcar no café.

Vá ao estádio de futebol e se sente na arquibancada com a torcida rival. Torça, um dia apenas, para um time que nunca imaginou que existisse. O improvável é tão impossível assim?

Durma olhando para as estrelas, coma sem usar os talheres, corra para ver os cavalos acordarem, converse com os moradores de rua do bairro, entre no metrô de costas, cante alto uma música no vagão, vá à varanda mais próxima e uive com os cachorros na madrugada. Por que o diferente amedronta?

Vá ao aeroporto ver avião subir. Conte quantas nuvens tem agora no céu. Tente desvendar qual animal elas lembram. Abra os braços, respire fundo, feche os olhos, sinta no rosto a umidade da brisa, escute o vento, a cidade viva. Diz: "Como é bom tudo isso..." Agora repete

Marcelo Rubens Paiva


Placa na Marginal Pinheiros indica 'mula-sem-cabeça' na via

Intervenção urbana com adesivos altera mensagem nas placas.
Quem fizer colagens pode receber penas alternativas e até ser preso.

Quem passa pela Marginal Pinheiros, em São Paulo, pode não ter reparado, mas as placas que avisam sobre a presença de animais silvestres foram alteradas. No sentido Interlagos da via, entre as pontes Eusébio Matoso e Cidade Jardim, adesivos transformaram um dos cervos das placas em uma mula-sem-cabeça, colocaram um cavaleiro sobre um dos animais e até incluíram um caçador no losango amarelo.

 

A intervenção urbana, como é conhecida a brincadeira, porém, pode acabar mal. Quem for flagrado fazendo colagens pode receber penas alternativas, como entrega de cestas básicas e trabalho comunitário, e até ser preso. A pena dependerá do tipo de colagem e do local onde foi realizada, conforme. A prática já é conhecida pelas autoridades em São Paulo: os adesivos - ou stickers (etiquetas adesivas, na tradução do inglês) - são comuns na região da Avenida Paulista e Rua da Consolação.


Fonte: G1




quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O TREM

Minha vó me ligou assustada!
Estava passando um trem por nossa cidade!
Queria saber: "vamos voltar a ter trem?"
Disse eu: "Não sei Vó!"

Abaixo um poema escrito por meu companheiro de trabalho: João Passarinho.

O TREM DA SAUDADE

O trem apitou na curva
Que até fez me arrepiar
Pois fazia tanto tempo
Que eu não via o trem passar
E quando vi o comboio Isto me fez chorar.

Foi um apito triste 
Não transmitia alegria 
Mas será que aquele trem  
Já sabia o que eu sentia? 
Que uma dor de saudades 
O meu coração sofria?

Eu corri até a estação  
Para ver o trem parar 
Mas isto não aconteceu 
Eu só vi o trem passar 
E pra aumentar meu sofrimento 
Não parava de apitar.

Seguiu o tem apitando 
Ecoando no horizonte 
Eu parado, só olhando 
O tem se esconder nos montes 
Meus olhos cheios de lágrimas 
Não se desviaram um instante.

Ele é o trem da saudade
Que levou o meu amor 
Para distante daqui 
Só para me matar de dor 
Agora volta sozinho 
Este trem apitador.

Eu sou uma prostituta, não faço por amor.

Todo mundo diz que nosso mercado está prostituído. Eu penso diferente, acho que nosso mercado é uma adolescente procurando o príncipe encantado.

Aqui na agência cobramos para trabalhar. É óbvio? Nem tanto. Ainda existe cliente que exclama: o quê!? eu tenho que pagar para vocês desenvolverem um plano de guerrilha para o meu briefing?

Sim, nós cobramos para trabalhar. Da mesma forma que o costureiro que fez a cortina da sua casa cobrou um sinal, sem você saber se ela ficaria bonita ou não. Da mesma forma que seu advogado cobrou ganhando ou perdendo a causa. Da mesma forma que você cobra do seu empregador (e você cobra até sem trabalhar nos seus merecidos 30 dias de férias). Da mesma forma que uma prostituta cobra antes de tirar a roupa.

Todos estes profissionais são prestadores de serviço e cobram para trabalhar. E por venderem algo intangível, a sua expertise, existe o risco de dar certo ou errado. O risco de você gostar ou não do resultado. O risco de ser bom pra você ou de você brochar.  Para diminuir o risco, o contratante avalia as credenciais do fornecedor. Avalia se os serviços semelhantes que o fornecedor já fez estão adequados às suas expectativas. Não tem jeito, estamos falando de serviço e não de produto de prateleira com etiqueta de preço.

Com a Espalhe, eu sou uma prostituta com 5 anos de esquina tentando encantar e surpreender os clientes. E no meu ponto todo dia param uns pós-adolescentes, com pinta de gerente de produto jr ou atendimento de agência de propaganda, que abrem o vidro e jogam uma conversinha de que estão apaixonados, que querem me levar para casa e me tratar como uma rainha. Eu nem escuto o fim do papinho: dispenso dizendo que não beijo na boca e não faço por amor. Sou profissional e cobro pelo que faço.

Mas outro dia chegou um cliente antigo. Um tipo bonitão, forte, saudável e muito bem sucedido. Jogou a sua cantada, disse que estava apaixonado. E eu cai. Fui para a camauma concorrência sem cobrar. Fiz por amor.

E você acha que no dia seguinte o meu príncipe ligou para dar um feedback? Claro que não. Vestindo a carapuça de adolescente ingênua e apaixonada, eu pensei que ele tinha perdido o meu telefone ou estava muito ocupado. Mandei um email perguntando se estava tudo bem e se ele ainda me amava. E ele respondeu frio, superficial e distante:

“Analisamos hoje as propostas apresentadas e optamos pelo projeto de outro fornecedor que estava mais adequado as nossas necessidades e objetivos. Agradeço pela apresentação e participação na concorrência. Abs,”

Nenhuma consideração com meu amor e dedicação a ele. Me sentindo suja e usada, eu volto pra minha esquina com a certeza que o amor não existe e que o bonitão vai continuar com o papai-mamãe de sempre _ seja no formato do estande enorme, bonito e vazio na feira, da propaganda super produzida que ninguém vai falar a respeito, do site lindo que tem que comprar post em blogs para ter alguma visita.

Se adolescentes apaixonadas não te satisfazem mais e você busca profissionais para realizar todas as suas fantasias, me ligue.

Bjs, GFortes - mas pode me chamar de Pamela - cabelos negros, 1,74 e 80 kg de pura travessura.



Retirado do Blog: http://www.blogdeguerrilha.com.br/


Ilustra bem o trabalho de um publicitário! 


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

"Você não vai?"

Ainda era manhã, por volta das 10h, quando sai de casa para pagar umas contas no centro da cidade. Era um sábado com festa na cidade. As pessoas anciosas para o "grande" show daquela noite.  Filas para comprar os valiosos ingressos. Eu porém não tinha vontade alguma de aproveitar da festa para me divertir.

Após pagar minhas contas, fui tomar um café no tradicional bar da esquina. Saindo de lá encontrei alguns amigos que haviam acabado de comprar seus ingressos para a festa, todos felizes e confiantes de uma noite "daquelas". Comentavam sobre as noites anteriores da festa e a espectativa naquela que poderia ser a melhor de todas. 

- Você vai? - perguntou um deles.

- Não - respondi.

- VOCÊ NÃO VAI? - perguntou surpreso um deles.

- Não - confirmei, com cara de "e daí?"

Eles não se conformaram. Apesar disso o papo continuou numa boa.

Depois fiquei a refletir: será que só eu não vou? o que tem de tão bom em um show do Latino? (isso mesmo, a grande estrela da noite), será que sou tão diferente assim?

Me tranquilizei quando recordei das músicas de sucesso do famoso cantor: "hoje é festa lá no meu apê"; "a disgramada da catchaça"; "Renata, ingrata"; "papo de jacaré"; isso sem contar em uma música sem "letra", onde só se esculta murmurios e gemidos muito estranhos.

Não tenho preconceito algum contra esse tipo de música e estilo de cantor, apenas prefiro não apreciar. 

O que me intriga é que não vejo meus amigos em atividades diferentes como um show de música instrumental, ou em uma apresentação de teatro. Fico preocupado. Como será a formação e bagagem cultural que eles pensam em ter para seu crescimento pessoal e profissional (que clichê né? mas é sério!).

Pra encerrar o dia acabei tomando um suco (de laranja com acerola)  acompanhado de minha namorada e um casal de amigos (que também não foram, pelo menos não estou só) em um café da avenida principal. Enquanto isso na grande festa... "hoje é festa lá no meu apê"!


terça-feira, 28 de outubro de 2008

Começando...

Pois bem, criei um blog. 

A idéia não é ser um blog político, nem polêmico. Talvez cômico, ou criativo. Não sei. A intenção é utilizar do espaço para exercitar a mente, escrever, soltar e descarregar idéias e pensamentos dessa minha cabeça. 
É na verdade um espaço livre.
Vou tentar escrever alguns textos e publicá-los.
Divulgarei meus trabalhos.
Convidarei para eventos e até quem sabe para alguma festa.
Então é isso. 
Conto com sua ajuda e comentário.

HICpédia chegou!

 
Aqui farei um descarrego de idéias que me deixam inquieto!

Bem vindo ao HICpédia!